Lembram-se do Marco? Aquele pobre menino, que vivia numa humilde casinha e que acordava muito cedo para ajudar a sua querida mamã?
Até há pouco tempo as lágrimas vinham-me aos olhos sempre que recordava aqueles desenhos animados que atormentaram a infância de toda uma geração.
Mas desde meados do ano passado que já não há mais lágrimas. Estou curado e passo a explicar como aconteceu.
Por essa altura, recebemos um convite da editora brasileira CosacNaify para colaborar graficamente numa re-edição do livro Coração de Edmondo de Amicis.
Cuore, no original, foi publicado em Itália em 1866 e logo se tornou um clássico entre o público infanto-juvenil. Exortava a virtù civili, ossia l'amore per la patria, il respetto per le autorità e per i genitori, lo spirito di sacrificio, l'eroismo, la carità, la pietà, l'obbedienza e la sopportazione delle disgrazie. Tudo muito bons valores, mas que não justificavam per se a colaboração neste projecto (à excepção de suportar as desgraças, de que somos verdadeiros apreciadores).
Mas, ao ler o manuscrito, no capítulo dedicado ao mês de Maio, depois de uma entrada sobre crianças paralíticas, doutra sobre a penúria do pai e doutra sobre bombeiros corajosos, surge um conto intitulado 'Dos Apeninos aos Andes'. Lá estava, era a história do Marco, do princípio ao fim, tim-tim por tim-tim, e a oportunidade catártica única de resolver este meu problema.
Num trabalho de colaboração íntima, entre o lado de cá e o lado de lá do Oceano, surgiram as ilustrações do livro e a capa. E fiquei curado.
O Coração ficou pronto com três capas diferentes impressas em tipografia.
Valeu Cláudio e Marco!
Entretanto o livro foi seleccionado pelo caderno Estadinho, do jornal O Estado de S.Paulo, como um dos 50 lançamentos mais legais de 2011 na área do infanto-juvenil.
Valeu CosacNaify!
Valeu Cláudio e Marco!
Valeu CosacNaify!